SÉTIMA CARTA AO TOMÁS

Tomás, você acaba de completar um ano e meio de vida ( na Terra) e já sente que há momentos bons e muito bons e outros ruins e muito ruins. Hoje, por exemplo, você acordou do soninho da tarde, almoçou e foi colocado naquela incômoda cadeirinha do carro para ir passear no Shopping. O dia estava chuvoso. Sua casa não oferece espaço para você se exercitar o suficiente. Seus pais queriam que você gastasse energia. Afinal, você é realmente forte, com altura e peso acima dos meninos da sua idade. Então passaram aqui na casa da Bisa e eu fui, com muito prazer, acompanhá-los. Você é fã da Galinha Pintadinha e fica muito feliz quando vê o cartaz com a foto dela. Lá dentro tem aquelas camas de bolinhas, que você adora.

No chegada ao Shopping, você se livrou daqueles cintos de segurança, que tanto o incomodavam, caminhou pelo estacionamento, apertou os botões para chamar o elevador e saiu correndo pelos corredores e galerias. Primeiro fomos lanchar e você fez uma "mistureba" daquelas na barriguinha. Tomou suco, açaí, comeu pão, batata frita e tudo o mais que lhe ofereciam. Mas o melhor foi depois do lanche. Você brincou no pula-pula e na cama de bolinhas com o seu pai, até ficar bem cansado e feliz, abraçou e beijou um cachorro e semtiu o prazer de estar em um espaço amplo. Chegou a hora de voltar à casa. Agora, exausto e com sono, teve que se submeter àquela tortura do cinto de segurança muito apertado, que você sempre tenta tirar. Choramingou! A Bisa, que ama a liberdade acima de tudo, teve vontade de soltar você. Mas foi obrigada a aceitar a imposição dos seus pais. Tentar consolá-lo, tendo apenas 1a 6m, é tarefa difícil.

Para ilustrar essa história, encontrei esta frase atribuída a Luciano Dellani Colla: "Nem tudo na vida acontece como queremos, mas tudo que acontece, bom ou ruim, serve de aprendizado".