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Sandra Fayad Bsb
Minhocário de Palavras
Meu Diário
21/01/2014 00h51
Resenha: Grande Sertão, Veredas - Por Murilo Moreira Veras

AS VEREDAS MÍSTICAS

DE GUIMARÃES  ROSA

 

                                          Murilo Moreira Veras

 

Grande Sertão: Veredas, do mineiro Guimarães Rosa, não é apenas um romance discorrendo sobre um tempo, uma história contada com certo enredo e muitos personagens. “O Conde de Monte Cristo”, do francês Alexandre Dumas também é um romance narrando uma história cheia de aventuras e personagens. Mas o livro de Rosa está a anos luz do de Dumas. Porque não se trata de um romance simples.

Aliás, a bem da verdade, não se sabe ao certo como classificar este livro: se é um romance antropológico ou um tratado de sociologia, de religião — ou então um livro de memórias. Mutatis mutandis, urge outra indagação, também pertinente: qual o gênero classificável da obra? É uma epopeia ou uma saga? Suspeitamos tratar-se daquilo que os estruturalistas apontavam, nos seus alfarrábios, como “gênero carnavalesco”, quer dizer, uma algaravia, um vale-tudo literário, apresentando “n” formas conteudísticas.

Atente você que, como o livro roseano não tem lógica, este nosso comentário também não. A história não tem começo nem objetivo. Sobre o que trata? Quais são os personagens principais?

Ora, quais são os personagens da Iliáda? Sabemos alguns apenas, Aquiles, Páris, Ulisses, Menelau, Enéias – mas também são personagens os deuses míticos: Atena, Zeus, Dionísio. O cenário de “Ilíada” é a guerra travada entre os gregos e troianos, a Guerra de Troia.

Em Grande Sertão: Veredas também eivam personagens, inúmeros, por sinal: Riobaldo, o Tatarana, Reinaldo/Diadorim, Joca Ramiro, Medeiro Vaz, Zé Bebelo, Ricardo, Hermógenes e dezenas de outros mais, todos jagunços que perambulam pelos sertões dos “gerais”.

Na famosa epopeia de Homero, o objetivo, o resultado da guerra, é recapturar Helena, raptada por Páris, o príncipe troiano. Qual o objetivo da saga roseana, essa estupenda epopeia dos sertões brasileiros? É sobretudo celebrar o Sertão, espécie de contingência ontológica, com movimento próprio, independência, terreno alado, recheado de mistério, conceitos – espaço este que também constitui um personagem. E quem são os elementos míticos, os deuses, onde estão?

O ser mítico ou ente atávico de Grande Sertão: Veredas não é outro senão o Capeta. É o personagem que mais nomes tem. Catalogados, ultrapassaria uma centena, talvez: Rincha-Mãe, Sangue d’Outro, o Muito-Beiços, o Rasga-em-baixo, Faca-Fria, o Fancho-Bode, um Treciziano, o Azinhavre... o Hermógenes. É só um pequeno exemplo. Ocorre que esse personagem está inserido na narrativa, na realidade uma narrativa fantástica. Primeiro, a história faz muito sentido. Trata-se de Riobaldo, um sujeito que foi jagunço, chefiou um bando deles, cem talvez, narrando suas aventuras passadas no sertão, enquanto fazia jagunçagem com eles, tudo isto narrado para um ouvinte imaginário, que absolutamente não fala nem exerce qualquer papel na história, a não ser a função de ser um ouvinte imaginário.

E por que o demônio é o personagem central dessa história? Porque não se trata propriamente de um personagem, mas um paradigma. O livro é uma espécie de “leitura do mundo”, apenas às avessas.

Se vemos o livro sob esse ângulo, então ele não tem objetivo e o personagem principal é mítico, simplesmente não aparece em lugar nenhum – a não ser na cabeça do Riobaldo.

Afinal, o que Guimarães quer dizer com esse livro? Qual a verdadeira mensagem a se extrair dessa história, na realidade uma narrativa solipsicista em que um ex-jagunço confessa suas estrepolias, em mais de 600 páginas?

Observe-se, como já frisamos, que a escritura não tem unidade de narrativa, é quebrada, os assuntos superpostos, a linguagem  caótica, subjetiva e propositadamente subjetivada. Aliás, o autor subverte a linguagem tal é a quantidade de neologismo, a morfologia e sintaxe, igualmente modificadas da chamada norma culta.

Sabe-se – e os estudiosos do texto roseano já apontaram isto em suas diversas críticas – que Guimarães Rosa era um linguista e falava fluentemente outras línguas além da nativa, que, também, ele parecia dominar os seus mais profundos ditames, tanto que acabou por, praticamente, inventar uma língua. Metalinguagem? JRTolken, o autor do magistral “Senhor dos Anéis” também inventou uma língua, para dar validade à sua criação literária.

Crer-se-á que Rosa terá imitado o polígrafo inglês, transpondo, para o nosso sertão, um linguajar específico, adaptando o idioma de Camões às suas contingências? Ora, Tolken criou uma língua pra expressar uma civilização, também por ele inventada – a Terra Nova. Rosa, de forma independente e sem qualquer vínculo com Tolken, exceto o catolicismo que ambos cultivavam, equalizou a linguagem barroca do caboclo, aprimorou-a e aplicou na camada morfológica, pedagógica, alcançando efeito retórico expressivo. O resultado é   a linguagem literária encantatória que se lê. Linguagem essa que faz efeito na boca do caboclo habitante do Sertão.

Tentemos adentrar o âmago da obra-prima do escritor brasileiro mais místico e enigmático – muito mais do que o foi o pernambucano Osman Lins com seu celebrado “Avalovara”. Asseguro que meu método não é curial, mas subjetivo, indireto, no mesmo estilo roseano.

Nascido em 1908, o mineiro Rosa, como escritor pertence a ala modernista, isto é, teria aderido ao Movimento Mordernista de 1922, liderado pelos Andrades paulistas – Mário e Oswald – portanto adota o estilo chamado inclusive por Oswald de “antropofágico”, por considerar que toda escritura depois de 1922, teria sido sob os cânones do Movimento, uma espécie de síntese de toda a cultura europeia que os escritores brasileiros cooptaram e deglutiram num processo vertiginoso – e quem sabe também vergonhoso – de “imitatio”, processo de assimilação e transfiguração linguísticas. Segundo esses autores, foi assim que nasceu e floresceu a literatura modernista brasileira.

A meu ver, Rosa quebrou esse tabu criado pelos escritores ideólogos paulistas e cariocas. Adotou em seus livros a linguagem interiorana, não obstante apoiada no estilo barroco português, com o preciosismo e a fraseologia vocabular arrevesada, procurando evidenciar a fala do habitante do sertão.   

O livro narra as aventuras e peripécias de Riobaldo, quando pertencia a um de bando de jagunços, no interior de Minas Gerais e outros estados vizinhos – isto que Rosa batizou genericamente de “Os Gerais”. Os Gerais, portanto, é o mundo, a vida. Riobaldo , o narrador único, é o poder pessoal, um ser que percorre, melhor, trilha pelos caminhos – as famosas “veredas”. São as veredas da vida, também, por indução, todas as veredas que o ser humano tem de percorrer para cumprir esse ritual sinalagmático que é a Vida, nossa vida, a vida do ser humano no plano da Terra. Ou seja, o próprio Destino. Riobaldo – o ser humano – está narrando atos e fatos acontecidos. Não são os fatos do futuro, são os do passado – as “acontecências”, como disse Vilma Guimarães Rosa, filha do escritor, em livro publicado, apropriando-se da escritura do pai.

As aventuras e desventuras do “ser humano”, no seu roteiro de Vida. Riobaldo conta sua vida para um ouvinte invisível, oculto. Seria uma confissão? Não será também o que em terapia psicológica se chama “desencargo de consciência”? A narrativa memorialista de Riobaldo é o desencargo de consciência, pelo qual, nós, seres humanos, nos aliviamos das grandes pressões que a vida moderna nos imprime. Assim, Riobaldo vai desenrolando o fio da meada de sua (nossa) vida. Então: “... o diabo na rua, no meio do redemoinho.” Observe-se como Dante inicia sua obra-prima “Divina Comédia”: “No meio do caminho, encontrei-me numa noite escura.

O ser humano é submetido à grande prova nesta vida, que é viver. E a prova maior, ou uma delas, é certamente enfrentar o   Demônio, que se encontra na nossa frente, no meio do redemoinho, ou seja, dos grandes problemas que nos afetam a todos. O que é esse Demônio, senão o Pecado contra o qual temos que nos defender?

Riobaldo, que saira da casa de seu padrinho para ser professor de Zé Bebelo, não era uma pessoa letrada, mas sabia ler e escrever, fazia conta, regra de três e gostava de ler – “ ...leitura proveitosa, vida de santo, virtudes e exemplos – missionário esperto engabelando índios ou São Francisco de Assis, Santo Antonio, São Geraldo...” (pag. 31). Ele entra na vida como jagunço por desejo de aventura. Os humanos não temos feito isto desde quando saltamos das árvores e saímos das cavernas, para conhecer as savanas do mundo?

Como tal, jagunço, pois, por experiência e depois por profissão, Riobaldo começa a vivenciar suas aventuras e desventuras, fazendo parte de um bando de jagunços, chefiado, primeiro por Medeiro Vaz, depois Zé Bebelo. Em certa oportunidade, ainda adolescente, ele – e sempre Rosa utiliza o feed back, embora inexistisse, à época, o recurso do computador – conhece um rapaz de sua idade, chamado Reinaldo, menino demais corajoso, os dois enfrentaram uma travessia perigosa pelo Velho Chico, o rio da unidade nacional. Encontram-se depois, ambos já confirmados jagunços. Desde então, tornam-se grandes amigos... “Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa feita. Era ele está perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, e eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era?”(pag.162)

Mais tarde, o próprio Reinaldo confessa a Riobaldo que seu verdadeiro nome é “Diadorim”, não Reinaldo, mas lhe pede segredo.

Na versão francesa, o título do livro de Rosa é DIADORIM, querendo dizer que todo o memorial de Riobaldo tem por foco esse personagem, na realidade o mais bizarro de todos os personagens do Grande Sertão: Veredas.

Quem será esse estranho personagem? O que ele representa na trama do livro?

Tenho que Diadorim tem a força de uma sonho, ele significa o incógnito, o sentido de liberdade. Mas também o Destino, a ânsia do eterno impresso no coração do ser humano ( o Riobaldo do sertão feito mundo e do mundo feito sertão).

Riobaldo é apaixonado por Diadorim. O ser humano também nutre uma paixão – a paixão pela liberdade, a busca do eterno, que constitui a afeição da alma. Mas os sentidos estão imbricados na epopeia sertaneja roseana. Diadorim pode ser o outro lado da sexualidade, o impulso para o desvio – em outras palavras, a força do mal que pode ou vem a eletrizar o ser.

Daí, no livro, às vezes Diadorim exerce a mesma função do Capeta na vida humana: ludibria. Parece uma coisa, mas é outra.

Então Grande Sertão: Veredas é um tratado de demoniologia?. Também. Pode ser um tratado de sociologia, história, geografia, assim como tratar de assuntos de filosofia, ética, política e até de ciência jurídica. Aliás, toda epopeia permeia esses campos, tal é a complexidade de sua trama – da “carnavalização” de sua estrutura e das ideias que ali fervilham.

Mulher homem é figura mais ou menos corrente no Sertão. Raquel de Queiroz, escritora cearense, conta a estória de um espécimem em seu “Memorial de Maria Moura”. Mas nosso escritor pode ter se inspirado num exemplar mais célebre: Joana d’Arc. Era mulher, se vestia de soldado e lutava furiosamente, segundo reza a lenda. Igual nosso Diadorim. Diadorim mulher? Mas era mulher macho. Vejam esse lance (pag.610), quando da luta final – o bando de Riobaldo contra os jagunços do diabólico Hermógenes:

 

“Diadorim – eu queria ver – segurar com os olhos... Escutei

o medo calro nos meus dentes...O Hermógenes: desumano,

dronho – nos cabelões da barba...   Diadorim    foi    nele...

Negaceou, com uma quebra de corpo, gambetou... E  eles

sanharam e baralharam, terçaram. De supetão... e só.”

 

E mais adiante:

 

“... A faca a faca, eles se cortaram até os suspensórios... O

diabo na rua, no meio do redemoinho... Assim, ah – eu mi –

rei e vi – o claro claramente: ai Diadorim cravar e sangrar o

Hermógenes.. Ah, cravou – no vão – e ressurgiu o alto es  -

guincho de sangue? porfiou para bem matar!”

 

Espécie de luta igual do Demo contra o Demo? Não. Diadorim tinha  a força da justiça a seu lado. O diabo na rua, no meio do redemoinho. Ás vezes, o sol da justiça tem de prevalecer no meio do grande redemoinho que é nossa vida, o mundo dos Homens.

Joana d’Arc foi queimada viva por motivos político-religiosos, depois proclamada santa pela Igreja Católica. Diadorim morreu em combate com o Hermógenes/Demônio, para vingar o assassínio do pai, Joca Ramiro. Foi elevado, assim, à condição de mártir. Riobaldo redimido pelo sangue de Diadorim devido sua paixão escondida por ele. Diadorim se imolou em sacrifício cruento para salvar a alma de Riobaldo – desfazia-se, assim, o suposto pacto entre ele, Tatarana  e o Demônio.

Na “Ilíada”, depois do fantástico logro do Cavalo de Troia, a grande cidadela da Ásia Menor caiu, devastada pela fúria dos gregos. Aqui, no Sertão, sob o sortilégio dos Grandes Gerais, duas forças míticas se defrontam: Riobaldo/Diadorim contra o Hermógenes/Demônio – é o bem lutando contra o mal. O ser humano reúne dentro de si as duas forças cósmicas: o Bem e o Mal – ambas se imbricam no campo dos sonhos de Tamanduá-Tão, através das Veredas em que se multiplicam as esperanças humanas.

Riobaldo, do alto de sua chefia inconsútil, espécie de vanguarda, não se conspurca com essa demoníaca refrega, apenas a visualiza:

 

“... O fuzil caiu de minhas mãos, que nem pude segurar

com o queixo e com os peitos. Eu vi minhas garras não

valerem! Até que trespassei de horror – precipício branco.

Diadorim a vir – do topo da rua, punhal em   mão,

avançar, correndo amouco...” (pag. 610).  

 

Personagem de ícone transfigurante é o que Riobaldo representa nesta saga de dor, aventuras, sangue e esperança pelo advento do futuro com outras gerações que hão de fortalecer o Grande Sertão de um Mundo Novo.

O ser humano – esse eterno desconhecido, forças naturais e antinaturais o dominam. A saída é a Salvação pela carne e pelo sangue, capazes de nos prover a Redenção da alma ainda aferrada a uma imanência que se quer livre e transcendente.

Agora, já transposta a Vereda ou Veredas do espaço-tempo no plano humano, Riobaldo adquire forças superiores para re-viver.

Veem? Este comentário não tem sentido, não percorre uma vereda, a vereda categórica da razão. Viver é perigoso, diz Rosa pela boca memorialista de Riobaldo. Faço meu adendo: escrever também é perigoso. Não será também desvendar veredas no Grande Sertão da Vida?

Afinal o que é uma obra literária, senão a essencialização dos fatos e feitos contados e recontados para perenizar a passagem do ser humano em trânsito para a Eternidade?

Nós, humanos, nada sabemos verdadeiramente sobre o outro. O outro também nada sabe sobre nós. Riobaldo em seu longo memorial explora essa incerteza do Outro. Este desconhece aquele que lhe fala. Rosa adverte, através de Riobaldo:

 

“... Eu estou depois das tempestades.

O senhor nonada conhece de mim; sabe o muito ou

               o pouco? O Urucuia é ázigo... Vida vencida  de  um,

               caminhos todos para trás, é história que instrui vida

               do senhor, algum? O senhor enche uma caderneta...

               O senhor vê aonde é o sertão? Beira dele,meio dele?...

               Tudo sai é mesmo de escuros buracos, tirante o que

               vem do Céu. Eu sei.” (pag. 611).

 

Enfim, a narrativa de Riobaldo passa a recompor outra narrativa – a vida renasce, digamos, de todas as anunciadas e vividas veredas. Agora Diadorim é a flor da vida, rediviva.

Eis a chave de tudo, descobertas e reveladas todas as veredas, todos

os segredos.

 

“Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo, e estre-

meci, retirando as mãos para trás, incendiável: abaixei

meus olhos. E a Mulher estendeu a toalha, recobrindo

as partes. Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, e a

boca. Adivinhava os cabelos. Cabelos que cortou com

tesoura de prata... Cabelos que, no seu ser, havia de

dar para baixo da cintura... E eu não sabia  por  que

nome chamar; eu exclamei me doendo:

–— “Meu amor!...” )pag. 611).

 

É a revelação da Paixão Segundo Riobaldo e Diadorim. Maktub. Allia Jacta Est.

Diadorim é mulher. Seu nome verdadeiro: Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins.

Rosa – como Machado que criou Capitu de Capitulina em seu também enigmático “Dom Casmurro” – apelidou Maria Deodorina de Diadorim. Capitu vem de Capitólio, Capital e por escatologia literária Capeta, aquele ou aquela que engana, mas não parece enganar, ardil alquímico de nosso Bruxo do Cosme Velho. Deodorina, que dá Diadorim, é Deodora, adorada de Deus, Maria adorada  de Deus, o arcanjo que se desprega das esferas celestes e prova o veneno da paixão humana.

Diadorim não morre, transfigurou-se, talvez na verdadeira esposa de Riobaldo, a graciosa, quase santificada Otacília.

E você, meu outro ouvinte – este mesmo que se desencantou das páginas do “Grande Sertão: Veredas” – você acha que Riobaldo vendeu a alma ao Capeta, foi pactário?

Eu não. Faço minhas as palavras, as últimas, recitadas por Diobaldo na escrita barroca de Guimarães Rosa:

 

“... Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia.                                                  Bsb, 25.12.13 

Obs.: Publicação autorizada pelo autor do texto

Publicado por Sandra Fayad Bsb
em 21/01/2014 às 00h51
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